Operação contra incêndios criminosos em MS rendeu R$ 8 milhões em multas

A expectativa é que o valor possa subir até R$ 35 milhões, já que mais áreas estão sob investigação

Fazer pesar no bolso para evitar que o Pantanal e áreas de cerrado em Mato Grosso do Sul sejam atingidos por chamas fora do controle. Assim, a Operação Focus trabalhou para identificar focos de incêndio propositais em todo o Estado, aplicando multas nos proprietários dos locais onde há comprovação do fogo criminoso.

Coordenada pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), a ação conta com equipes do Corpo de Bombeiros, PMA (Polícia Militar Ambiental), Polícia Civil e Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

Durante a fiscalização, foram percorridos 6,7 mil km, segundo revelou o chefe da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, nesta quarta-feira (30), em audiência pública remota da Assembleia Legislativa para discutir as queimadas no Pantanal.

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“A operação aconteceu há duas semanas e três pessoas foram presas em flagrante”, frisa Verruck. Ele destaca ainda que já foram aplicados R$ 8 milhões em multa, que correspondem aos 8 mil hectares onde já há confirmação de fogo criminoso.

Ainda há 27 mil hectares em análise e que, se confirmado o crime ambiental, podem render mais R$ 27 milhões em multas – o valor da multa é de R$ 1 mil por cada hectare atingido pela queimada irregular. Os números são 40% superiores aos registrados no ano passado.

O trabalho da Operação Focus envolveu fiscalização direta em 28 fazendas, com cinco propriedades rurais identificadas com foco de fogo ativo e 19 com focos já não existentes, mas confirmados pela equipe. Ao todo, são 35.914 hectares queimados investigados.

Matáá – A Focus é realizada em paralelo à Operação Matáá, da PF (Polícia Federal), que já checou cinco fazendas no Pantanal e também está passando por análise junto ao MPF(Ministério Público Federal) em Mato Grosso do Sul.

Um dia depois da PF fazer ‘batida’ nas fazendas, um homem que se apresentou à 1ª DP (Delegacia de Polícia Civil) de Corumbá como representante do pecuarista, empresário e delator na operação Lama Asfáltica, Ivanildo da Cunha Miranda, registrou boletim de ocorrência onde diz que chamas de outras propriedades atingiram a área de Ivanildo.

Ainda segundo o registro, 4 mil hectares de pastagens da fazenda, chamada Bonsucesso, foram consumidas pelas chamas, além da vegetação nativa de três áreas vizinhas, as fazendas Uval, Santa Amália e São Bento, ambas na região pantaneira do Paiaguás.

Outros dados – Durante o debate, Verruck também apresentou outras ações realizadas pelo Governo do Estado e os números já apurados sobre o fogo no Pantanal e em outras áreas de Mato Grosso do Sul. “Não é só no Pantanal. Temos sérias questões no sul e costa leste”.

Os dados apresentados por ele colocam o Pantanal como o terceiro bioma mais atingido pelos incêndios – são 17.577 focos até agora, representando 11,1% do total. A Amazônia lidera o ranking, com 47,7% dos focos (75.362), seguido pelo cerrado, com 45.365 focos (28,7%).

Na divisão por estados, Mato Grosso do Sul está em sexto lugar, com 9.027 focos e 6,1% dos casos registrados em todo o país. O líder é o Mato Grosso, que além de abrigar parte do Pantanal também está em área amazônica. Lá, são 39,1 mil focos, ou seja 24,7% dos casos. Pará e Amazonas vem seguida, com 25.313 (16%) e 14.883 (9,4%) casos, respectivamente.

“Precisamos sempre atuar unidos. Em Água Clara mesmo um incêndio florestal contou com 500 voluntários das empresas para apagar o fogo e ainda tivemos três aviões. Na sexta-feira passada tínhamos 19 focos identificados, e já no domingo passavam de 1,2 mil. Isso mostra a gravidade da situação e como os ventos alastram essas chamas”, conclui Verruck.

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