Eduardo Kobra entrega em Coxim mural em homenagem a Zacarias Mourão

Eduardo Kobra finalizou ontem (11) o mural em homenagem ao compositor Zacarias Mourão, na praça “Zacarias Mourão” (rua Herculano Pena com a João Pessoa)e  virou atração da cidade o mural referente ao compositor que dá nome à praça e que nasceu na cidade, é um painel de 6 metros por 19,60 metros. Todos os dias, muitos moradores de Coxim passaram horas na praça acompanhando e fotografando a produção do artista e dois artistas de sua equipe que o acompanham em quase todos os murais no Brasil e Exterior: Agnaldo Brito e Marcos Rafael.

De acordo com o artista, que fez murais em cerca de 35 países, o mural sobre Zacarias Mourão dá início a um antigo sonho de realizar um projeto de valorização das culturas regionais. “Dizia o escritor russo Leon Tolstói (Lev Tolstoi) que ‘universal é o homem que escreve sobre a própria aldeia’”. Por isso, ao mesmo tempo em que faço murais para destacar grandes nomes que contribuíram para a história do País, como o arquiteto Oscar Niemeyer e os compositores Chico Buarque e Adoniran Barbosa; e nomes que contribuíram para a paz, liberdade, arte e humanismo no mundo, como Nelson Mandela, Martin Luther King Malala Yousafzai, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e John Lennon, sempre quis criar um projeto que falasse sobre nomes que contribuíram para a cultura das próprias regiões”, conta o artista urbano, que complementa: “além disso, já pintei em cinco continentes mas não conheço a maioria dos estados do meu próprio país. Será uma grande realização conseguir pintar em cada estado do Brasil”, diz Kobra, que já fez obras nove estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Maranhão e Pernambuco.

Eduardo Kobra conta que ficou impressionado com o número de pessoas que passaram horas e horas na praça acompanhando, com o devido distanciamento social e uso de máscara, a pintura do mural. Algumas pessoas até conseguiram fazer fotos com o artista, mas o conhecido muralista lamenta a impossibilidade de um contato maior: “sempre adoro em minhas viagens, tanto no Brasil quanto no Exterior, de interagir com as pessoas que param para ver, fotografar, perguntar, opinar e até surgir. É um dos prazeres que tenho como artista e, mais ainda, uma das formas que tenho para aprender sobre a cultura de cada lugar. Com a pandemia, infelizmente isso não é possível”.

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De acordo com Fabio Pellegrini, assessor de Comunicação de Coxim, o mural de Eduardo Kobra terá grande impacto na cidade e região, como parte de um projeto de retomada do turismo como instrumento de desenvolvimento sustentável, além da própria valorização do espaço e da difusão da obra do conhecido artista no roteiro turístico da região. “A ideia é que a Praça, conhecida pelo famoso Pé de Cedro cantado e de fato plantado por Zacarias Mourão, um dos pioneiros da música e da identidade cultural de Mato Grosso do Sul, torne-se local de celebração entre turistas, moradores e artistas locais e visitantes. E pelo que sentimos nos primeiros dias, quando muitas pessoas vieram para Coxim para acompanhar o trabalho de Kobra, a nova atração turística e cultural já é uma realidade. Além disso, quando as aulas recomeçarem, os alunos da cidade replicarão a intervenção de Kobra em defesa da cultura local, em nossas escolas, com benefícios que abrangem as áreas multidisciplinares da educação, arte e ecologia”, afirma Pellegrini.

“Essa linda homenagem resgata o que meu papai, Zacarias Mourão, mais fez durante a vida: transmitir emoções, fazer sorrir os corações e valorizar as culturais regionais. Obrigado ao querido artista Eduardo Kobra, talento nato inspirado e aprofundado pelo saber. Todos estamos muito felizes, orgulhosos e comovidos com a homenagem”, diz a compositora, cantora, jornalista e radialista Ligia Mourão, 56 anos, filha de Zacarias Mourão.

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Trabalho mais recente

Kobra entregou recentemente em São Paulo a revitalização de seu mural “A Lenda do Brasil”, de 41 metros por 17,5 metros, feito em homenagem ao piloto Ayrton Senna, na empena dum prédio na rua da Consolação, 2608 (esquina com a av. Paulista, em frente à Praça José Molina), em São Paulo. O trabalho foi iniciado há 15 dias e inaugurou o projeto “A Arte de Conservar”.  De acordo com o artista, as próximas obras a serem restauradas são “Oscar Niemeyer”, na região da av. Paulista, também em São Paulo, e “Etnias – Todos Somos Um”, no Boulevard Olímpico, no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.

O mural “A Lenda do Brasil”, que mostra o piloto de capacete e olhar expressivo, é uma das principais obras de Kobra, que tem Senna como uma de suas grandes referências.Embora eu não seja ligado aos esportes, Senna sempre foi um dos meus maiores ídolos e uma inspiração para mim, com seu exemplo de determinação e superação. Além disso, transformou o ato de dirigir carros de corrida em, além de um esporte, uma verdadeira arte, que encantava e inspirava a todos”, afirma Kobra, que já pintou 12 murais, além de uma tela, sobre o tricampeão mundial de F-1 (nascido em 21 de março de 1960, em São Paulo).  Em setembro de 2019, Kobra realizou um mural. no autódromo de Ímola, Itália, onde o piloto morreu ao bater sua Williams nos muros da curva Tamburello, no GP de San Marino no dia 1º.  de maio de 1994. Em março deste ano, inaugurou o mural “Superação” no autódromo de Interlagos, em São Paulo.

O artista urbano revela que com as novas técnicas, os murais podem resistir bem mais à passagem do tempo. “A durabilidade de um mural depende de fatores como as condições climáticas – calor, frio, chuva -, a poluição e se foi realizado em uma parede nova ou mais antiga. Agora podem ser tomados cuidados essenciais para que os murais durem mais, como um melhor preparo da parede, o uso de seladora e de tintas acrílicas como base e a aplicação de verniz ao final do trabalho”, afirma.

Sobre Eduardo Kobra

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Kobra é um expoente da neo-vanguarda paulistana. Começou como pichador, tornou-se grafiteiro e hoje se define como muralista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade e pelo mundo. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado em 95 – para um muralismo original – inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e norte-americanos, beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro.

Muitos críticos afirmam que a característica mais marcante de Kobra é o domínio do desenho e das cores. Mas o que é fundamental para o artista é o olhar. Kobra foi desde cedo apresentado às adversidades da vida. Viu amigos sucumbirem às drogas e à criminalidade. Alguns foram presos. Outros perderam a vida. Foi o olhar que o salvou.

Kobra é autor de projetos como “Muro das Memórias”, em que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade; Greenpincel, onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza; e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya, Salvador Dali e Frida Kahlo.

Hoje, os murais de Kobra estão em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros – como “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar Niemeyer”, em São Paulo; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou; “Fight For Street Art” Basquiat e Andy Warhol), em Nova York; e “David”, nas montanhas de Carrara. Em todos os trabalhos, o artista paulistano busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto.  Inquieto, estudioso e autodidata, também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos. Em 2018, pintou 20 murais nos Estados Unidos, 18 deles em Nova York.

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Cada vez mais conhecido, Kobra fica, é claro, orgulhoso quando vê uma multidão que observa um de seus murais, mas costuma dizer que o que o comove de verdade é descobrir alguém que para no meio da correria da cidade para observar, mesmo que por um minuto, os detalhes dessa obra. Apesar dos murais monumentais, Eduardo Kobra faz sua arte para despertar a consciência e a sensibilidade de cada um de nós.

 

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