Atleta do MS, Yeltsin Jacques conquista o 100º ouro do Brasil

E foi com direito a recorde mundial! Atleta sobe ao lugar mais alto do pódio pela segunda vez nos Jogos ao ganhar os 1.500m T11 no Estádio Olímpico de Tóquio com o tempo de 3min57s60

O Estádio Olímpico de Tóquio foi palco de um momento para entrar na história do esporte brasileiro. Na noite desta segunda-feira (30/8), manhã de terça no Japão, Yeltsin Jacques conquistou a centésima medalha de ouro do Brasil em Paralimpíadas ao vencer os 1500m T11, classe para atletas cegos, com direito a recorde mundial. O atleta, acompanhado pelo guia Antônio Carlos dos Santos, o Bira, liderou de ponta a ponta e terminou a prova com o incrível tempo de 3min57s60, muito à frente do segundo colocado. A marca, que consagra a evolução e o talento dos atletas Paralímpicos brasileiros, foi o segundo ouro de Yeltsin nos Jogos de Tóquio, já que ele também subiu ao lugar mais alto do pódio nos 5.000m T11. O atletismo brasileiro já conquistou 13 medalhas nas Paralimpíadas 2020: seis ouros, três pratas e quatro bronzes.

– Hoje de manhã o Bira me falou isso, e me deu motivação: “Ó, a gente tem chance de fazer história mais uma vez, centésimo ouro do Brasil na história das Paralimpíadas”. Eu falei: “É por duas coisas. Primeiro, para subir o Brasil no quadro de medalhas; e segundo, é para construir essa história” – contou Yeltsin depois da prova, em entrevista à SporTV.

Yelstsin impôs um ritmo forte desde o início. Pulou na frente e não deixou ninguém se aproximar. Foi colocando uma distância tão grande em relação aos outros competidores que, na transmissão da TV, eles sequer apareciam na tela em vários momentos. Tanto que o segundo colocado, o japonês Shinya Wada, chegou quase oito segundos depois, com o tempo de 4min05s27, seguido por Fedor Rudakov, do Comitê Olímpico Russo, que correu a prova em 4min05s55.

– E ele me segurou! – revelou Yeltsin, referindo-se a Bira.

– Segurei porque, experiência de guia… A gente não pode quebrar um recorde muito baixo, senão depois fica mais complicado – brincou Bira, que depois contou que a cabeça deles, inicialmente, nem estava no recorde, apenas no ouro. – A gente saiu pensando em ganhar medalha. Saiu do quarto falando: hoje não é correr pensando em recorde, e sim pensando em ganhar a medalha. Só que a gente tinha uma passagem forte, que estava combinada já, e essa passagem ficaria próxima do recorde. Então se a gente chegasse, como nós chegamos ali no final, com folga e com condições, a gente bateria.

Do primeiro ao centésimo ouro, ambos no atletismo, houve uma enorme evolução no esporte paralímpico do país. O Brasil começou a participar dos Jogos na sua quarta edição, em Heidelberg, em 1972. Mas só estreou no lugar mais alto do pódio em 1984, com a vitória de Marcia Malsar nos 200m rasos C6. E dos cem ouros, 83 se dividem entre duas modalidades: 47 no atletismo e 36 na natação. Foi nas piscinas, inclusive, que se consagrou o atleta que mais fez o hino brasileiro ser tocado, Daniel Dias, 14 vezes campeão Paralímpico.

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