Seleção empolga por pouco tempo, mas mostra solidez habitual para chegar à nova final

Invicto há 13 jogos, Brasil oscila diante do Peru, na semifinal da Copa América, mas termina mais uma partida sem ser vazado – já são 42 de 60 sob o comando de Tite.

Tabelas, viradas de jogo, roubadas de bola no campo de ataque e até trocas de passe de letra entre Neymar e Lucas Paquetá fizeram parte do repertório da seleção brasileira no bom primeiro tempo contra o Peru. Foram sete finalizações no gol adversário e nenhuma no de Ederson. Deu gosto, deu até para se empolgar, mas durou pouco.

Na semifinal da Copa América, o Brasil foi inconstante mais uma vez e caiu de rendimento na etapa final, mas mesmo assim segurou o 1 a 0 e garantiu vaga na decisão contra Argentina ou Colômbia, que se enfrentam nesta noite, em Brasília.

A Seleção ainda oscila em desempenho, mas não em resultados. Já são 13 partidas de invencibilidade, 12 delas oficiais. Nenhuma, porém, com a dificuldade que se espera sábado, no Maracanã.

Essa sequência sem derrotas deve ser creditada em boa medida à força defensiva da equipe de Tite. Tal qual na campanha do título em 2019, o Brasil chega à final da Copa América com a solidez como a marca registrada – a diferença é que da última vez passou zerado até a decisão, enquanto nesta edição do torneio já levou dois gols.

No sétimo embate contra o Peru – adversário que mais enfrentou desde que assumiu o comando da Seleção, em 2016 – Tite recorreu a Everton Cebolinha como substituto de Gabriel Jesus, suspenso, e optou por Lucas Paquetá no lugar de Roberto Firmino.

Quando tinha a bola (o que ocorreu em 64% do primeiro tempo), o Brasil se postava no 2-3-5, com Renan Lodi atuando na linha dos atacantes. Ele ficava colado à lateral esquerda, e Cebolinha fazia o mesmo do outro lado, para alargar a defesa peruana, posicionada com cinco homens.

Desta vez, Richarlison atuou mais centralizado, mas com muito mais mobilidade do que um 9 clássico. Ele não recuava com a mesma frequência de Neymar, mas também saia bastante da área para oferecer opções de passe e tentar bagunçar o sistema defensivo peruano.

O camisa 10 em alguns momentos se aproximava de Casemiro, Fred e Danilo para buscar a bola, mas era próximo da área que ele criava as principais chances para o Brasil – inclusive o gol, após recuperação e passe em profundidade de Richarlison, seguido de drible desconcertante e assistência açucarada de Neymar para Paquetá.

O encontro destes dois jogadores, aliás, voltou a render frutos para o Brasil, como já havia sido na vitória sobre o Paraguai, mês passado, pelas Eliminatórias, e também contra o Chile, na sexta-feira. Não só pelos gols, mas também pela forma como eles se combinam e potencializam um ao outro.

Lucas Paquetá ainda precisa se provar na Seleção e voltará a conviver com a concorrência de Philippe Coutinho, mas é sem dúvidas o jogador que mais ganhou pontos nesta Copa América. Em uma posição carente de jogadores, ele mostrou que pode ser uma boa alternativa à Tite e deve seguir como titular na final.

Para faturar o bicampeonato, porém, o Brasil terá de ser mais regular do que foi contra os peruanos. Na volta do intervalo, Ricardo Gareca tirou um jogador da defesa e passou a povoar mais o meio de campo.

A mudança tática aliada ao cansaço brasileiro, natural pelo pouco tempo de recuperação depois das quartas de final, equilibraram o jogo. Mais do que isso, fizeram com o que o Peru fosse melhor na etapa final, com mais finalizações (6 x 5) e posse de bola (53% x 47%).

No entanto, pela 42ª vez em 60 jogos com Tite, o Brasil terminou os 90 minutos sem ser vazado. Se repetir isso daqui a quatro dias, estará mais perto de faturar a Copa América pela décima vez.

 

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