Resistência de lagartas à soja Bt: pesquisadores alertam para o uso indiscriminado de inseticidas

Populações da lagarta-falsa-medideira (Rachiplusia nu) e da broca-das-axilas tem apresentado resistência ao Cry1Ac (soja Bt de primeira geração), problema que tem se agravado nesta safra 21/22

Apesar dessa notícia negativa, é importante destacar que isso não deve impactar a performance da tecnologia de soja-Bt para o manejo de outras espécies alvo da tecnologia como a lagarta-falsa-medideira (Crysodeixis includens) e a lagarta-da-soja. Apesar dessas populações resistentes, é importante salientar que o uso de inseticidas para seu controle deve ser feito apenas quando os níveis populacionais atingirem os níveis de ação.

Para o pesquisador da Embrapa Soja, Adeney de Freitas Bueno, “o produtor deve ser cauteloso no momento de verificar a necessidade de controle, respeitando as recomendações do MIP-Soja, que indicam o momento correto de se aplicar inseticidas”. Bueno também reforça que as plantas Bt são apenas um componente das estratégias de manejo, e o MIP-Soja preconiza a associação de diferentes ferramentas sustentáveis.

A Embrapa tem identificado o uso indiscriminado de inseticidas na tentativa de controlar essas lagartas. Estudos indicam que inseticidas contra lagartas desfolhadoras devem ser aplicados apenas quando a desfolha for igual ou superior a 30% durante o estádio vegetativo da soja ou a 15% no estádio reprodutivo. Antes desse momento, os inseticidas são desnecessários e sua aplicação, além de elevar o custo de produção, elimina os insetos benéficos que são responsáveis por manter outras pragas em equilíbrio.

Apesar das causas da resistência de Rachiplusia nu e da broca-das-axilas ao Cry1Ac (soja Bt) serem complexas, pesquisadores da Embrapa Soja ressaltam que a baixa adoção de área de refúgio estruturado seja um fator responsável pela maior ocorrência desses insetos em soja-Bt. “Observamos uma redução na adoção do refúgio estruturado no cultivo de soja. Assim, em um cenário de alta adoção da tecnologia de soja-Bt e de baixa aderência a prática do refúgio estruturado, aumenta-se consideravelmente a probabilidade de evolução da resistência nas espécies-alvo”, destaca Bueno. O pesquisador alerta que é essencial o plantio de pelo menos 20% de refúgio estruturado (soja não-Bt), semeado de forma que a distância de uma planta-Bt de uma planta não Bt esteja dentro de no máximo 800 m.

A adoção da área de refúgio e o uso racional de inseticidas, entre outras recomendações do MIP-Soja, são importantes para a sustentabilidade da tecnologia Bt. Informações mais detalhadas estão disponíveis na nota técnica no site da Embrapa Soja, que fala sobre a “Ocorrência de Rachiplusia nu e Crocidosema aporema em soja-Bt na safra 20/21 e principais orientações de manejo aos produtores para a safra 21/22”.

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