Para evitar prejuízos, pecuaristas devem manter atenção constante no controle da Brucelose e Tuberculose

Mato Grosso que possui o maior rebanho bovino do Brasil, com cerca de 32 milhões de cabeças de gado, ainda vive um dilema quanto ao cenário extremo de casos de brucelose e tuberculose nos animais. Por isso, os pecuaristas precisam ficar atentos a prevenção a essas doenças infectocontagiosas que causam problemas tanto reprodutivo quanto na produção de carne e leite. Isso significa prejuízos para os criadores e para a economia do Estado.

Pensando em reduzir os problemas econômicos que afetam principalmente os pequenos agropecuaristas, a ABRALEITE, entidade que representa os produtores de leite no Brasil e o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), criaram uma comissão mista de trabalho, formada por integrante do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, em busca de viabilizar recursos financeira, para ajudar a reduzir os prejuízos afetados com a brucelose e tuberculose no rebanho bovino e bubalino. Essas zoonoses afetam muito a cadeia produtiva do leite e também, dificultam as exportações, inclusive da carne. Sem contar, são doenças transmissíveis aos seres humanos, com graves consequências.

A brucelose é uma doença endêmica presente em todos os estados brasileiros. Em 2001, foi criado o Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose bovina (PNCEBT) e instituído em Mato Grosso em 2003, com o objetivo diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal, além de promover a competitividade da pecuária do estado. Para isso uma série de medidas sanitárias compulsórias, associadas a ações de adesão voluntária foram instituídas, dentre elas a obrigatoriedade da vacinação, o controle do trânsito animal (GTA), eliminação dos bovinos com diagnóstico positivo e certificação de propriedades como livre para estas enfermidades.

De acordo com os últimos dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 1,3% das propriedades rurais de Mato Grosso apresentam animais com tuberculose, e coloca o Estado na terceira colocação a nível nacional com menos casos da doença, perdendo apenas para Tocantins (0,16) e Santa Catarina (0,5). Por outro lado, o estudo de prevalência demostrou que 24% das propriedades do Estado são focos de brucelose. “A prevalência vem apresentando uma queda progressiva ao longo dos anos. Em 2002, por exemplo, praticamente a cada duas propriedades, uma tinha animal positivo para brucelose, uma vez que o estudo demonstrou uma prevalência de 41% nas propriedades”, afirma a médica veterinária e auditora fiscal federal agropecuário Janice Elena Barddal, que atualmente é gestora nacional do PNCEBT. Mato Grosso ocupa a décima nona posição no ranking nacional com elevados focos de brucelose. Mas, apresenta uma baixa prevalência da doença comparado aos estados do Pará (25,7) e Mato Grosso do Sul (30,6).

Os principais responsáveis pelo desenvolvimento das atividades do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose bovina (PNCEBT), em Mato Grosso, são servidores do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (INDEA – MT), a Superintendência Federal de Agricultura (SFA/MT) e médicos veterinários autônomos. “Os servidores do INDEA atuam como certificadores dentro de um processo que envolve diretamente toda a cadeia produtiva do campo à mesa do consumidor, fiscalizando propriedades quanto à realização da vacinação contra brucelose, certificando-as quanto à ausência de doença e ainda fiscalizando estabelecimentos de abate (SISE). Os médicos veterinários autônomos desenvolvem um grande número de ações sanitárias profiláticas e de diagnóstico a campo e novamente os fiscais do INDEA atuam com agentes fiscalizadores das ações desses profissionais”, garantiu Renan Tomazele, diretor técnico do INDEA-MT.

Já os Auditores Fiscais Federais Agropecuários (MAPA) executam, entre outras atividades, a habilitação de médico veterinário e a inspeção federal nos frigoríficos e abatedouros de bovinos e bubalinos. Outros órgãos estatais, como prefeituras, secretarias estaduais, também podem apoiar ou executar os trabalhos. Organizações não governamentais, entidades de classe e outras instituições também são envolvidas no programa. “Aos produtores, cabe arcar com os custos das ações do programa, sendo ele o principal responsável por manter a sanidade em sua propriedade”, disse Tomazele.

Em Mato Grosso, a vacinação é feita em duas etapas, de 1º de janeiro a 30 de junho e de 1º de julho a 31 de dezembro. “O público alvo são bezerras de 3 a 8 meses, e não há um número fechado de quantos animais devem ser imunizados devido à reprodução. Só conseguimos esse número no termino do período vacinal”, pontua o diretor técnico do INDEA-MT, Renan Tomazele.

Para a gestora nacional do PNCEBT, Janice Barddal os inquéritos soroepidemiológicos para verificar as prevalências da brucelose em bovinos e bubalinos no Brasil, demonstram uma heterogeneidade entre e dentro das unidades federativas, sendo a região Centro-Oeste com as maiores prevalências e a região Sul com as menores. “O estado com a maior prevalência de focos de brucelose é Mato Grosso do Sul com 30,6%, e a menor, Santa Catarina com 0,91%. Na tuberculose o estado com a maior prevalência é São Paulo com 9% e Tocantins com a menor 0,16%”, ressalta Barddal. Ela destaca ainda que em alguns estados após implantação do programa de vacinação contra brucelose em fêmeas de 3 a 8 meses de idade, realizaram um segundo inquérito epidemiológico onde foi verificado queda significativa na prevalência.

Alinhado com as diretrizes do Plano Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), em 2019, o INDEA-MT com apoio de outras entidades públicas e privadas (UFMT, MAPA, CRMV, FESA, FAMATO, COMITÊ CONSULTIVO DE BRUCELOSE, SINDIFRIGO E FQPSLEITE ) lançou o projeto “MT contra a Brucelose”. Renan destaca que no projeto foi proposto, como meta, a vigilância voltada à educação sanitária do PNCEBT em propriedades com mais de 200 fêmeas bovinas (maior risco para brucelose bovina segundo os estudos epidemiológicos de 2002 e 2014) totalizando um universo de 12.905 propriedades.

Para execução do projeto “ MT contra a Brucelose”, foram organizadas reuniões em todas as regionais (14) e produzidos três cartilhas orientativas destinadas ao vacinador, ao veterinário e ao produtor rural. “Num intervalo de 12 anos, a prevalência da brucelose em Mato Grosso caiu para 24%, portanto, 41% de queda devido as ações desenvolvidas, principalmente em relação a vacinação”, destaca a auditora fiscal federal agropecuária, Janice Barddal, que é gestora nacional do PNCEBT.

A brucelose é causada por bactéria e pode provocar aborto nos animais e a tuberculose bovina tem menor incidência em gado de corte, mas não deixa de ser preocupante para o pecuarista. A vacinação do rebanho bovino brasileiro contra brucelose tornou-se obrigatória a partir de 2001.

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