Palco da maior tragédia da F-1, circuito oval de Monza está aberto ao público

Antigo traçado carrega histórico de acidentes fatais em série e fanatismo italiano

Na década de 1960, o autódromo de Monza era o verdadeiro templo do automobilismo. O circuito contava com um traçado oval (4,2 km) e um misto (5,7 km), ambos interligados pela reta principal. A pista oval de alta velocidade, no entanto, não é utilizada desde 1961, quando um acidente matou o piloto alemão Wolfgang von Trips e mais 15 pessoas que estavam na arquibancada.

Em 2014, o traçado foi repavimentado e, se você for ao Autódromo Nazionale di Monza, pode percorrê-lo a pé ou de bicicleta. Ainda hoje é o circuito que tem maior média de velocidade: 264 km/h, marca registrada por Lewis Hamilton, da Mercedes, na conquista da pole position do GP de 2020.

Inaugurado em 1922 para o Grande Prêmio da Itália, o circuito registrou já naquele ano a primeira morte trágica: a do piloto Fritz Kuhn, que sofreu um acidente durante os treinos e faleceu. Seis anos depois, ocorreu um outro grande acidente com o piloto Emilio Materassi. Ele perdeu o controle do carro, bateu no cavalete principal e morreu junto com 22 espectadores. O GP da Itália só foi realizado novamente em 1931. No entanto, não demorou muito até que ocorresse mais acidente fatal – em 1933, três pilotos morreram no Grande Prêmio, num incidente conhecido como o “Dia Negro de Monza”.
Palco da maior tragédia da F-1, circuito oval de Monza recebe visitantes a pé ou de bicicleta  — Foto: Arte Esporte

Palco da maior tragédia da F-1, circuito oval de Monza recebe visitantes a pé ou de bicicleta — Foto: Arte Esporte

Uma vista aérea do circuito de Monza — Foto: Google Earth

Uma vista aérea do circuito de Monza — Foto: Google Earth

Tragédia em 1961 marca despedida

No dia 10 de setembro de 1961, o Autódromo de Monza estava lotado para o Grande Prêmio da Itália, onde a fanática torcida comemorava a iminente dupla conquista da Ferrari, no Mundial de Pilotos e no de Construtores. Os títulos foram assegurados, mas acabaram ofuscados pela maior tragédia da Fórmula 1, desde sua criação, em 13 de maio de 1950.

GP da Itália de 1961 foi o último disputado em Monza com o oval — Foto: Getty Images

GP da Itália de 1961 foi o último disputado em Monza com o oval — Foto: Getty Images

Diante de 150 mil espectadores, o alemão Wolfgang von Trips era o favorito para conquistar o título por antecipação, mas na reta que leva para a Curva Parabolica, o piloto da Ferrari tentou ultrapassar Jim Clark, mas tocou na Lotus. O carro de Von Trips guinou para a esquerda e deu-se a tragédia. Von Trips chegou a Monza na liderança do campeonato com 33 pontos, quatro a mais do que o companheiro de equipe, o americano Phil Hill. O alemão poderia sagrar-se campeão caso vencesse a corrida e Hill terminasse fora do pódio.

O momento em que a Ferrari de Von Trips atinge o barranco antes de voar sobre o público em Monza — Foto: Getty Images

O momento em que a Ferrari de Von Trips atinge o barranco antes de voar sobre o público em Monza — Foto: Getty Images

O carro de Von Trips foi alavancado por um barranco e voou sobre a tela que separava o público da pista. Na maior tragédia da história da F1, Von Trips morreu na hora após ser atirado para fora da Ferrari, e 15 espectadores também perderam a vida, atingidos pelo carro desgovernado. Incrivelmente, a corrida prosseguiu até o fim, e Hill venceu, tornando-se campeão com uma prova de antecedência.

Carro de Von Trips parou no meio da pista em Monza — Foto: Getty Images

Carro de Von Trips parou no meio da pista em Monza — Foto: Getty Images

Parte da pista de Monza foi fechada em 1962 — Foto: Getty Images

Parte da pista de Monza foi fechada em 1962 — Foto: Getty Images

Encontro de lendas em Monza

 

Em 2015, a Mercedes homenageou piloto Sir Stirling Moss, que correu pela equipe nos primórdios da F1 no histórico oval de Monza. Era o aniversário da última corrida da Mercedes antes de sua saída da Fórmula 1, no fim de 1955. Naquela corrida, Moss chegou em segundo lugar, fazendo dobradinha com o argentino Juan Manuel Fangio no traçado italiano de 10 quilômetros. Ambos pilotavam o dominante W196. No mesmo ano, Moss venceu a tradicional Mille Miglia, também na Itália, com um 300 SLR.

Sir Stirling Moss e Lewis Hamilton em carros históricos da Mercedes no velho oval de Monza em 2015 — Foto: Divulgação/Mercedes

Sir Stirling Moss e Lewis Hamilton em carros históricos da Mercedes no velho oval de Monza em 2015 — Foto: Divulgação/Mercedes

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