Giro dos mercados: trigo nas duas mãos, boi sobe e desce e soja embicando nos US$ 13,50

O cereal que o Brasil mais importa, também entra na conta das exportações; o movimento dos pequenos frigoríficos e a oleaginosa mandando ver

Um dos três maiores importadores mundiais de trigo, o Brasil entrou também no grupo dos exportadores.

Há uma expectativa de que possam ser exportadas 2,5 milhões de toneladas no ano comercial 21/22, contra menos de 1 milhão/t do ciclo anterior.

Ainda assim, vamos precisar buscar mais de 6 milhões/t lá fora.

Mas, em meio ao debate se vale a pena o Brasil gastar mais com importação e deixar mais de 20% do consumo interno ir embora, lembremos de dois pontos.

O primeiro é que da safra recorde de 7,5 milhões de toneladas, com o Rio Grande do Sul desbancando o Paraná da liderança, saiu muito trigo de baixa ou nenhuma qualidade panificadora.

Excesso de chuvas em alguns momentos da safra reduziram a qualidade para o grão, que encontra compradores na Ásia, África e países árabes, que o utilizam em suas culturas culinárias.

Mas, será que só saiu grão ruim? Não, claro.

O trigo este ano alcançou preços no teto de muitas temporadas, com a procura para substituição de parte do milho nas reações e pela saída da pandemia.

Aliado a um dólar alto, quem pode exportou, trigo ruim e trigo bom.

O outro ponto é que é do jogo do capitalismo. Fronteiras abertas.

Se exporta e se importa.

Os Estados Unidos fazem muito bem isso, com quase tudo que produzem.

Só não importam soja e milho porque são os segundos produtores na oleaginosa e o primeiro no cereal, e possuem um excedente muito acima das necessidades internas

Mas, nas carnes, por exemplo, são exportadores e grandes importadores.

Boi na gangora

Como falamos aqui, sem novidades no boi.

A China, mesmo depois de liberadas as vendas de carne brasileira, só vai mostrar a cara a partir de janeiro, e o mercado agora está se movimentando da mão para a boca.

E, especialmente, os pequenos e médios frigoríficos é que estão comprando e saindo, ou seja, buscam num dia, pulam um ou dois, e assim vai terminando o ano.

Os preços sobem e descem como na gangorra do parquinho.

O Cepea, para São Paulo, por exemplo, caiu 1,63% na quarta (R$ 322,40), subiu 3,16% na terça, e recuou 0,36% na segunda.

Em todas as praças segue a toada.

Os grandes já estavam fornidos de animais e conseguem alongar as escalas.

Soja sacudindo as festas

A soja pode buscar os US$ 13,50 o bushel nos pregões que restam em Chicago?

Sim, não é impossível, inclusive nesta quinta (23), apesar de o ritmo do mercado já ser de menor liquidez.

O clima na América do Sul, especialmente o brasileiro, está forçando as altas, que nesta quarta teve uma valorização de 20,75 pontos no janeiro, 22,5 pts no março e 22 pts no maio, respectivamente de US$ 13,28 a US$ 13,41.

Já tem analista cortando o potencial de 15 milhões de toneladas nas entregas, depois que o Paraná começou a mostrar perdas localizadas, somadas às dos gaúchos – que estavam mais preocupantes – e às dos argentinos.

O La Niña, com tempo mais seco, não chegou a ser surpresa, mas a intensidade, sim.

Ainda o Brasil não perdeu o potencial de 140 milhões/t da safra 21/22, mas os traders seguem apostando que pode ser menos.

Melhor para os preços.

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