Flamengo desafia a lógica
Aproveitamento de espaços e demonstração de força na Copa do Brasil. Goleada no segundo tempo com um jogador a menos mostra força do elenco rubro-negro
Depois de um primeiro tempo ruim, talvez um dos piores sob o comando de Renato Gaúcho, o Flamengo vai para o intervalo sem Bruno Henrique, lesionado, e Isla, expulso, com jogadores discutindo na saída de campo e muitas coisas para ajustar.
É jogo de quartas de final da Copa do Brasil, contra o copeiro Grêmio, fora de casa, em Porto Alegre, no Sul brasileiro que muitas vezes causou calafrios na torcida.
O resultado: um segundo tempo quase perfeito, 4 a 0 a favor no placar e vaga encaminhada para as semifinais.
Como explicar a vitória do Flamengo sobre o Grêmio?
Tentar entender a goleada rubro-negra é partir do princípio de que o Flamengo usou toda sua força para conseguir desafiar a lógica. Passa por uma correção de rumo, um ajuste simples, à moda Renato Gaúcho, um gol fortuito no início do segundo tempo e também por uma postura quase kamikaze do Grêmio.
Mas, sobretudo, é um símbolo da força de um elenco que continua sendo encorpado e que deu resposta em um dos momentos mais críticos da temporada. A goleada do Flamengo ser construída com gols de Michael, Vitinho, Bruno Viana e Rodinei não deixa de ser uma situação inusitada para parte da torcida que costuma carregar nas críticas a estes jogadores.
Dificuldades no meio-campo
Voltemos ao primeiro tempo. Renato escalou o seu time titular típico, com ajustes na zaga devido às ausências de Léo Pereira e Rodrigo Caio. O que se viu, porém, foi uma equipe longe daquela avassaladora que empilha goleadas.
O Grêmio dominou o meio-campo com um trio de volantes que se sobrepôs a Willian Arão e Diego. Thiago Santos, Vilasanti e Lucas Silva tinham vantagem numérica do setor e envolviam facilmente os rubro-negros. Como consequência, a defesa do Flamengo era constantemente atacada exposta, e os homens de frente dificilmente recebiam em boas condições.
Uma solução que começou a ser desenhada ainda no primeiro tempo foi a mudança de posicionamento de Everton Ribeiro. O camisa 7 ainda defendia pelo lado direito, mas, com a bola, passou a atuar mais centralizado, ajudando os volantes na saída de bola e até se oferecendo no lado esquerdo para jogar. Isso equilibrou as ações por um breve momento, até a expulsão de Isla.
A goleada deixa o Flamengo muito próximo da semifinal da Copa do Brasil e inevitavelmente traz euforia à torcida. É importante, porém, perceber como foi um jogo atípico. O mérito de Renato e da equipe rubro-negra foi saber se adaptar e aproveitar as oportunidades que a partida ofereceu. Nas condições normais, o time teve alguma dificuldade para controlar o duelo e fazer valer sua qualidade.