Diniz convenceu os jogadores do Fluminense de que era possível virar

Com discurso ainda em Lima e preleção emocionante no Maracanã, técnico contagiou o time.

A incrível virada do Fluminense sobre o Flamengo na final do Campeonato Carioca, depois de perder o primeiro jogo por 2 a 0 e golear no segundo por 4 a 1, surpreendeu inclusive muitos torcedores tricolores, mas não os jogadores. O time entrou em campo plenamente confiante no título, o que passa muito por Fernando Diniz. Formado em psicologia, o técnico inflamou cada atleta ao longo da última semana.

E tudo começou em Lima, no Peru, onde o Fluminense venceu o Sporting Cristal por 3 a 1 na sua estreia na Libertadores, na quarta-feira. Após a partida, o treinador pediu a palavra no vestiário:

– Rapaziada, parabéns aí pela vitória. A partir de agora, desse momento, a gente pensa no nosso título. Todo mundo que acredita! Nós já estamos trabalhando para c… nesse jogo. Preparar o melhor Fluminense para jogar domingo, que é o da Páscoa. Agora, só Flamengo e só título (apontando para a cabeça).

De volta ao Rio de Janeiro, o Fluminense treinou sexta e sábado. Nas atividades, Diniz preparou a parte tática da equipe para surpreender o Flamengo. Faltava o toque final no emocional, que veio no domingo. Ao chegar ao Maracanã pouco antes das 16h, jornalistas notavam algo diferente: o ônibus do time, que costuma chegar uma hora e meia antes dos jogos, já estava lá, estacionado.

O motivo? Normalmente feita no hotel, a preleção foi levada para o Maracanã. No vestiário, o técnico fez uma apresentação voltada para a relação do jogador com a bola. Ex-meia, Diniz lembrou a dolorosa morte do pai quando tinha apenas 8 anos e ressaltou que cresceu tendo a bola como sua melhor amiga e refúgio emocional. Disse ao grupo que o jogador precisa ter a bola para ser feliz.

– Eu só chorei, só chorei. Pitbull também chora – respondeu Felipe Melo ao ser perguntado sobre a preleção.

No projetor, Diniz usou também vídeos de gols marcantes do Fluminense em cima do Flamengo, como por exemplo os de Assis, nos títulos cariocas de 1983 e 1984, e o de barriga de Renato Gaúcho, em 1995. E afirmou que agora quem iria construir a história eram os jogadores do atual elenco tricolor.

– Alguns até choraram com as palavras dele. Foi algo especial, um momento que nunca tinha vivido. Um cara que consegue transmitir do jeito que ele transmite, era algo para realmente ficar emocionado, motivado. Acho que o Fernando (Diniz) teve um papel importante para nós esta semana. A confiança com que ele falava era como se Deus o tivesse iluminado, realmente convencido do que dizia. Na preleção, falou que nós conseguiríamos fazer algo histórico. E ele falava como se conseguisse ver o futuro: “Hoje só vai dar a gente, do jeito que nós gostamos, do jeito que marca nosso time”. E, se você viu o jogo, fomos totalmente superiores ao Flamengo – disse Arias.

Em cada contato com o elenco ao longo da semana, Diniz não duvidou do título por um momento sequer. Sabia que a conquista viria, a sua primeira de expressão na carreira de treinador. Sem poder comandar a equipe à beira do campo porque foi expulso no jogo de ida, o técnico assistiu à partida de uma cabine do estádio e, depois do título, desceu para o campo, pulou grade e deu até cambalhota.

– Ele merece, ele merece. Deu uma cambalhota, é maluco, mas um maluco do bem. Ajuda muito a todos nesse clube, principalmente a mim – afirmou Ganso.

Fernando Diniz com o troféu de campeão carioca no Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

Fernando Diniz com o troféu de campeão carioca no Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

E, com o grupo tricolor nas mãos, Diniz certamente não vai querer parar por aí.

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