Caso Daniel Alves: consumo de álcool em foco no segundo dia de julgamento

Amigo diz que jogador “foi o que mais bebeu”, gerente da boate onde crime teria acontecido afirma que ele “não estava normal”, e esposa Joana Sanz conta que chegou bêbado em casa

O consumo de álcool por parte de Daniel Alves foi tema principal do segundo dia do julgamento em Barcelona – o jogador é acusado de agressão sexual contra uma mulher, em caso ocorrido em dezembro de 2022. Nesta terça-feira, amigos do atleta afirmaram que Dani Alves bebeu muito ao longo do dia e da noite em que teria cometido o crime, em uma boate da cidade catalã. E a esposa dele, Joana Sanz, contou que chegou em casa bêbado.

– Ele foi comer com seus amigos no restaurante. Passou o dia aí e voltou era quase 4 da manhã. Voltou muito bêbado, uma pessoa com muito álcool. Bateu no armário e caiu na cama – relatou Joana Sanz.

De acordo com os depoimentos dos amigos de Daniel Alves, o grupo se reuniu desde o meio da tarde no restaurante Taberna del Clínic. No início da madrugada, foram para o bar Nuba e só depois tomaram o caminho da boate Sutton. De acordo com Bruno Brasil, amigo que estava com o lateral-direito na discoteca, o jogador “foi o que mais bebeu”.
Bruno Brasil, amigo de Daniel Alves, na chegada ao Tribunal de Barcelona para julgamento do jogador — Foto: Lluis Gene / AFP

Bruno Brasil, amigo de Daniel Alves, na chegada ao Tribunal de Barcelona para julgamento do jogador — Foto: Lluis Gene / AFP

– Exatamente não lembro, mas foi bastante porque ficamos desde 14h30 até 1 da manhã, então bebemos muito. Eu diria que pedimos umas cinco garrafas de vinho, uma de uísque. Thiago não bebe, Bruno bebe pouco, então eu e Daniel bebemos muito. Pedimos quatro drinks de gin tônica. Ele tinha bebido bastante – contou Ulises, um dos amigos do lateral.

De acordo com a imprensa espanhola, alegar embriaguez faz parte da estratégia da defesa de Daniel Alves para, no mínimo, tentar conseguir um atenuante de pena.

Assim como no primeiro dia, Daniel Alves, que está em prisão preventiva há mais de um ano, acompanhou presencialmente a audiência no Tribunal de Barcelona.

Presidida pela juíza Isabel Delgado Pérez, a 21ª seção da Audiência de Barcelona ouviria 22 pessoas nesta terça, mas duas foram dispensadas.

Promotoria indica contradição

Diante dos juízes nesta terça, Bruno Brasil afirmou que o grupo de amigos deixou a boate “sem motivo especial”. No entanto, a promotoria rebateu, alegando que, em depoimento anterior, ele havia dito que o jogador tinha ido ao banheiro, onde teria acontecido o crime, porque estava mal da barriga e por isso foram embora. Bruno, que depôs em português, respondeu que teve que falar em espanhol na ocasião e que não ficou muito claro. Ele garantiu que o lateral não falou por que tinha ido ao banheiro.

– Quando ele (Daniel Alves) saiu do banheiro, eu estava com a prima (da denunciante). Estávamos pegando contato um do outro. Ele saiu do banheiro, ficou do meu lado e seguiu dançando, na mesma sala. Ela saiu, falou com todo mundo, se despediu de mim, a prima também e foram embora. Eu não lembro o tempo que levou entre a saída dela e a despedida após o banheiro. O tempo não lembro, mas ainda seguimos lá dentro por um tempo. Já era tarde, já tínhamos bebido muito e por isso fomos embora – disse o amigo do jogador.

Bruno também alegou que Daniel Alves e a denunciante antes “estavam bem, dançando juntos”. Pelo local ser “muito escuro”, disse não ter visto a mulher chorando. E afirmou que “em nenhum momento falamos sobre o que tinha acontecido no banheiro”.

“Não queria dinheiro, queria justiça”

Policiais que participaram do atendimento à denunciante e da detenção de Daniel Alves também prestaram depoimento nesta terça. Um deles assegurou que as câmeras de segurança corroboram totalmente a versão da mulher. Outro contou que impressões digitais foram encontradas dentro do banheiro na área da pia, no espelho, na tampa do vaso sanitário e na cisterna.

– Ela disse que a pessoa não a tinha deixado sair do lugar onde tinha ido e que havia tocado suas partes íntimas por dentro. Disse que não queria dinheiro, queria justiça. A assessoramos para que denunciasse os fatos ou não – informou o primeiro policial a atender a denunciante.

Próximos passos

Pela programação, esta quarta-feira é o último dia do julgamento. Devido ao pedido aceito durante a fase de questões técnicas, Daniel Alves será o último a prestar depoimento. Além do jogador, a audiência será dedicada à medicina forense (forenses, psicólogos, analistas científicos, provas biológicas) e documental (com visualização de vídeos de câmaras de segurança).

O que o segundo dia do julgamento já mostrou deve se repetir. A defesa de Daniel Alves vai apresentar uma quinta versão do que teria acontecido naquela noite. Segundo os jornais “La Vanguardia” e “El Periódico”, o brasileiro vai declarar que estaria embriagado na madrugada em questão. A advogada Inés Guardiola sustentaria que o acusado “não tinha plena consciência do que fez”.

A Justiça impôs a Daniel Alves o pagamento de € 150 mil (R$ 798 mil) caso seja condenado, a título de danos morais e psicológicos. O lateral-direito está em prisão preventiva no Centro Penitenciário Brians 2, nos arredores de Barcelona.

Não há prazo definido para a apresentação da sentença final.

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