Soja: plantio está chegando! Saiba reconhecer semente pirata
Nessa época do ano, com o término do vazio sanitário cada vez mais próximo, você, produtor, provavelmente já está bem preparado para a próxima safra de soja. No entanto, o sucesso da lavoura depende de um fator fundamental: a qualidade da semente. Mesmo sabendo disso, muitos apostam na pirataria, podendo, com isso, sofrer prejuízos tanto pela produção muito aquém do esperado quanto em decorrência das multas a serem pagas. Sim, multas!
Mas, primeiramente, o que determina uma semente de qualidade? De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), isso depende da soma de atributos físicos, genéticos, fisiológicos e sanitários.
O primeiro quesito determina se ela é pura, livre de material inerte e de contaminantes. O segundo fator diz respeito às que são geneticamente puras e livres de misturas com gérmens de outros cultivares. Já o padrão fisiológico diz respeito às sementes com alto vigor e germinação. Por fim, os atributos sanitários envolvem as que são livres de propágulos de plantas daninhas e de patógenos.
Apenas o conjunto desses fatores resulta na produção de plantas de alto desempenho agronômico, que têm um potencial produtivo mais elevado. Ainda que todos esses atributos sejam cientificamente comprovados, alguns produtores apostam todas as suas fichas em sementes piratas, sem se dar conta – seja por falta de informação ou por acreditar que terão grande produção com baixo investimento – que terão sérios prejuízos.
Afinal, vender e comprar sementes piratas é crime e pode gerar multa de valor equivalente a até 250% o valor comercial do produto. Em caso de reincidência, esse número é dobrado, conforme preveem a lei de proteção de cultivares (nº 9456/1997) e a lei de sementes e mudas (nº 10.711/2003).
Para se ter ideia, de acordo com estudo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass), de toda a semente de soja plantada no país, em tono de 30% não está em conformidade legal. Os prejuízos podem superar a casa dos R$ 2 bilhões por safra.
COMO IDENTIFICAR?
A Embrapa alerta que existem seis grandes sinais de que a semente que você está adquirindo é pirata:
1) Identificação: as seguintes informações devem estar descritas nas embalagens de sementes: CNPJ, razão social, certificação do produtor e também o número de inscrição no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), a validade dos testes de qualidade das sementes, o número do lote, os valores de germinação ou viabilidade e a pureza do lote.
2) Embalagens violadas: a embalagem da semente está violada ou aberta? Desconfie. Verifique se contém exatamente o produto que você está adquirindo. Embalagens reutilizadas também são uma característica comum na comercialização de sementes piratas.
3) Nota Fiscal: é direito do produtor ter nota fiscal ao comprar as sementes (assim como qualquer bem de consumo), pois ela garante que ele não está sendo enganado.
4) Mistura de cultivares e impurezas: observe se não há mistura de cultivares pela coloração das sementes e de seus hilos. Sementes de uma mesma cultivar costumam possuir uma mesma tendência de coloração. As sementes piratas podem vir misturadas com materiais inertes, sementes de plantas daninhas, torrões, pedras e outras partículas de solo.
5) Vizinhos/Amigos: não compre sementes de vizinhos ou amigos, que produziram as sementes para seu próprio uso. Procure sempre uma revenda de confiança e, se necessário, tire dúvidas com um engenheiro agrônomo. Ele é o profissional mais indicado para te orientar.
6) Valor de compra: esse é o mesmo princípio da gasolina. Se está muito barata em relação ao valor de mercado, é sinal de adulteração.
RISCOS
Se você está economizando na hora de adquirir semente sem procedência comprovada, perderá receita no final da colheita. Isso acarretará em custos de produção mais elevados, redução de produtividade e aumento de custos em outros itens da lavoura.
Além disso, estará sujeito à presença de sementes de plantas daninhas no lote, aumentando a sua incidência no campo e dificultando o controle. De acordo com a Abrass, sementes piratas possuem alto índice de contaminação, o que colabora para a disseminação de patógenos, causando verdadeiras epidemias no campo.
Outros fatores de risco são a disseminação de pragas (insetos na lavoura); mistura de cultivares (prejudica o manejo por causa da diferença de ciclos); presença de torrões e de partículas de solo; falta de garantias legais (o agricultor não tem a quem recorrer formalmente caso seja constatado algum problema na lavoura); e, principalmente, sementes piratas têm baixo vigor e germinação, ou seja, não emergem de forma uniforme no campo, o que causa falhas no estabelecimento da cultura e reduções de produtividade.