Setembro Amarelo, de combate ao suicídio, tem desafios da conscientização e subnotificação
O mês de setembro começa nesta terça-feira (1) com parte de seus dias dedicados à conscientização da população sobre a prevenção do suicídio. Rodeado de tabus, o tema é complexo até entre profissionais da saúde. Por isso, desde 2014 é realizada em todo o País a campanha Setembro Amarelo, encabeçada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).
Este ano, Mato Grosso do Sul fará um seminário de capacitação para profissionais da área totalmente on-line. Isso por causa da pandemia de coronavírus, que impossibilita eventos presenciais. Com programação organizada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), o seminário nos dias 8, 9 e 10 vai reunir 240 participantes, entre psicólogos, médicos e enfermeiros, em torno das ações de combate ao suicídio.
De acordo com a Rede Psicossocial da SES, 263 pessoas morreram no ano passado em Mato Grosso do Sul por atentarem contra a própria vida. No mesmo período, 3.370 pacientes foram atendidos em unidades de saúde por tentativa de suicídio. A situação é grave, avalia a gerente-técnica da Rede Psicossocial, Michelle Scarpin, e precisa ser discutida não só com a comunidade, mas também entre os profissionais.
“Existe subnotificação em relação à tentativa de suicídio. Muitas vezes, os profissionais têm dificuldade em preencher as fichas de atendimento. Isso principalmente em municípios pequenos, onde já existe uma situação em que familiares preferem não levar o paciente para o atendimento por pensarem que a notificação vai gerar uma ficha policial”, destaca a gerente-técnica da Rede.
Para ela, a subnotificação dificulta o desenvolvimento de políticas públicas. “Quando não temos dados completos, nossas ações não conseguem ser 100% efetivas”, diz Michelle. Por isso, o trabalho de capacitação de profissionais, especialmente entre os que integram o Sistema Único de Saúde (SES), é um dos focos de atuação da Rede Psicossocial da SES. Outro eixo de atividade é a conscientização das pessoas.
Entre os fatores de risco para o ato estão as doenças mentais, as condições de saúde limitante e aspectos psicológicos e sociais. Identificar quem é vulnerável ou tem risco para o suicídio é um dos grandes desafios para a sociedade e todos devem ficar atentos. “É muito importante dizer para quem está passando por uma situação difícil procurar ajuda”, afirma a gerente-técnica da Rede Psicossocial.
Seminário
Já com 240 participantes confirmados, o “Seminário Rede de Atenção Psicossocial e Suicídio – Falando em promoção, prevenção e recuperação” objetiva o fortalecimento da atenção psicossocial. Durante os dias do encontro serão desenvolvidas temáticas para promover a saúde, por meio de oficinas de prevenção ao suicídio e métodos de cuidados na pósvenção.
Entre as temáticas que serão debatidas, ganham destaque abordagens sobre os impactos da pandemia de coronavírus no agravamento à saúde mental; as estratégias de intervenção na ideação suicida em adolescentes; as redes de cuidado para o sofrimento mental; a vigilância como ação de cuidado e proteção; e a saúde mental no ambiente de trabalho.
Bruno Chaves, Subcom
Foto: Divulgação