Seleção conquista pontos e trégua fundamentais, mas segue devendo futebol

Brasil se recupera de gol sofrido aos 68 segundos e consegue virada sobre o Chile, que garante dias de menor pressão para Dorival Júnior corrigir problemas e desenvolver a equipe

Não fosse o gol de Luiz Henrique, aos 43 minutos do segundo tempo, muito provavelmente o principal tema dos debates esportivos desta sexta-feira seria a ausência do Brasil no grupo das seis seleções sul-americanas que se classificam diretamente para a Copa do Mundo. Um empate no Chile deixaria a Seleção atrás da Bolívia e com o mesmo número de pontos que a Venezuela, no sétimo lugar, posição que leva à repescagem. Seria um vexame.

A vitória por 2 a 1 em Santiago não impediu o Brasil de ter sua pior campanha em um primeiro turno de Eliminatórias, mas trouxe, além de pontos importantes, uma trégua fundamental.

O Brasil mais uma vez apresentou um jogo pouco empolgante e repetiu dificuldades que já tinham ficado evidentes na Copa América e nas últimas rodadas de Eliminatórias. Ainda assim, é possível notar, mesmo que discretamente, alguns sinais positivos.

Não se pode ignorar, por exemplo, a resiliência e capacidade de reação do time para buscar uma virada como visitante depois de levar um gol com 86 segundos de jogo.

Fora de casa e atrás no placar desde o começo, o Brasil conseguiu superar o choque inicial e controlou a maior parte da partida, tendo posse de bola na casa dos 70% e exigindo muito pouco ou quase nada do goleiro Ederson.

Jogadores da seleção brasileira reunidos antes de partida contra o Chile — Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Jogadores da seleção brasileira reunidos antes de partida contra o Chile — Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Ofensivamente houve melhora em relação ao visto nos duelos contra Equador e Paraguai, em setembro, mas ainda muito longe do ideal. Com Savinho fixo na direita e Rodrygo e Raphinha com bastante mobilidade, a Seleção abusou das jogadas pelas pontas porque sofria para construir por dentro.

André e Lucas Paquetá cometiam muitos erros na saída de bola, e as linhas de defesa e ataque jogavam distantes no novo esquema de Dorival – uma espécie de 3-2-5 quando o Brasil tinha a posse e 4-4-2 na hora de se defender.

Estreantes com a amarelinha, o lateral-esquerdo Abner e o atacante Igor Jesus mostraram personalidade e tiveram boas atuações. Enquanto o primeiro fez ultrapassagens e ajudou a alargar a defesa chilena, o segundo brigou com os zagueiros e ofereceu um jogo mais físico, algo que Endrick e outros atacantes à disposição de Dorival não conseguem. Com bom posicionamento e cabeceio preciso, o jogador do Botafogo empatou o placar no fim do primeiro tempo.

Embora seja precoce qualquer conclusão a respeito da dupla – para bem e para mal – é animador para o Brasil encontrar alternativas para posições tão problemáticas neste ciclo de Copa.

Porém, problemas antigos seguem lá. A defesa voltou a dar bobeira, Danilo contribuiu muito pouco no ataque e ainda cometeu vacilos atrás, erros técnicos se repetiram e atrapalharam jogadas de ataque…

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