Estrada em implantação pelo Estado renova as esperanças do distrito isolado no Pantanal

Depois do isolamento decretado com a paralisação do trem de passageiros, em 1994, o distrito de Porto Esperança, distante apenas 80 km de Corumbá, terá um novo recomeço com a chegada da estrada em construção pelo Governo do Estado. O lugar esquecido, situado às margens do Rio Paraguai, foi beneficiado recentemente com a Estação de Tratamento de Água (ETE), implantada pela Sanesul, e agora terá acesso permanente por terra.

Enquanto a obra avança, os moradores contam os dias de transitar de carro até a rodovia federal e chegar à cidade sem problemas de atoleiros e interdição da pista – dificuldades enfrentadas numa estrada aberta pela comunidade próxima ao rio e constantemente interrompida devido às chuvas e cheia. Os investimentos do Estado levaram esperança a uma região pobre, mas com grande potencial para o turismo de pesca esportiva.

Morador antigo, Mingo opera a ETE da Sanesul e viu a estrada tornar-se realidade depois de fazer o pedido em carta ao governador

Apostando na retomada do desenvolvimento no distrito, que teve seu auge econômico quando foi entreposto da ferrovia, dona Jorgina Almeida, 70, começou a ampliar a sua pousada (Arca de Noé) para melhorar receber os turistas. “Antes, a gente pensava em ir embora para a cidade, pois a idade chegou e nada melhorava aqui. Mas, agora, o progresso está chegando, graças ao nosso governador, e decidimos ficar e investir no turismo”, diz ela.

Acesso é direito de todos

A implantação da estrada de revestimento primário (cascalhada com resíduos de minério de ferro, cedidos pela mineradora Vale), de 11,2 km, foi autorizada em agosto do ano passado pelo governador Reinaldo Azambuja, ao custo de R$ 20,7 milhões. O sonhado acesso foi projetado distante da margem do Rio Paraguai, levando em consideração as grandes inundações que ocorrem na região pantaneira, conhecida como Nabileque.

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Trevo de ligação da nova estrada com a BR-262 começa a ser implantado. a uma distância de 6,5 km da ponte sobre o Rio Paraguai

“Não consigo entender como uma comunidade de 100 anos não tinha acesso a serviços básicos, como essa estrada. Estamos promovendo o resgate de Porto Esperança e mais dignidade a seus moradores, que agora tem água de qualidade”, afirma o governador. “Sinto-me muito feliz por trazer essa estrada para se chegar à 262, que está tão perto, mas ao mesmo tempo distante, e garantir um direito de todos, o ir e vir das pessoas”, completa.

Apesar das chuvas intensas, a obra segue em ritmo acelerado, com as máquinas abrindo o caminho em direção ao distrito, enquanto, simultaneamente, duas pontes de concreto estão em construção. A empresa Equipe Engenharia já concluiu a terraplenagem de 3,5 km da estrada, que terá aterro de até três metros, e se prepara para o lançamento do material (minério). Máquinas seguem abrindo a mata e limpando o terreno para receber a base.

Turismo é fonte de renda

Segundo o engenheiro da empresa, Mayckon Lenon Cabreira, as chuvas tem prejudicado o serviço. “Já tivemos precipitação aqui de 110 milímetros em dois dias e paramos uma semana, é impossível trabalhar num solo de argila saturada, que se apresenta úmido mesmo com seca”, conta. Ele informa que a empresa vai contratar mais trabalhadores (hoje são 32) para acelerar a obra, incluindo a construção do trevo com a BR-262, com a previsão de estiagem.

Com a estrada se tornando uma realidade, aumentam as expectativas dos moradores do distrito por uma vida melhor. O ex-presidente da associação da comunidade, José Domingos Benites (Mingo), 56, tem motivo a mais para estar feliz: foi o autor de uma carta enviada ao governador Reinaldo Azambuja pedindo o acesso. “A água tratada era um sonho e agora temos água de qualidade. A estrada está chegando, somos gratos ao governador”, disse.

Pontes sobre o Córrego Mutum e a Vazante Margarida (foto), em fase de concretagem, terão 83m e 60m e vão custar R$ 7,5 milhões

Mingo, que hoje opera a ETE da Sanesul, acredita, como todos os moradores, em um futuro promissor para Porto Esperança, cuja população reduziu de 1.200 para 130 pessoas com a decadência do lugar. “O acesso é tudo, dependemos de Corumbá e do turismo, que é nossa principal fonte de renda e emprega toda a família”, aposta. “Esperamos agora o ensino médio, o govenador nos prometeu, mas ainda não temos número suficiente de alunos.”

Dona Jorgina Almeida, que viveu o drama de sofrer dois AVCs e depender do barco para chegar à BR-262 e pedir socorro, renovou a fé por uma vida melhor: “A estrada não ficou apenas nas palavras do governador, está acontecendo”. Seu esposo, Sérgio Matos, 70, afirma que a infraestrutura reduziu o custo de vida e aumentou o fluxo de turistas. “No meu pensar, já melhorou 50%, a gente bebia água suja e agora chega rapidinho na cidade”, diz.

Texto: Subsecretaria de Comunicação (Subcom)
Fotos: Bruno Rezende

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