‘Estouro da boiada’ pelo efeito China ainda levará mais tempo, a partir de janeiro
As importações chinesas vão subir paulatinamente somente no começo de 2022, e, para o mercado interno, não há condições de impor altas disparadas.
Uma coisa foi a China liberar, finalmente, as exportações brasileiras de carne bovina, depois de mais de 3,5 meses de embargo.
Outra coisa é achar que os frigoríficos iam sair já ofertando até R$ 30 a mais pela @, em algumas praças, como tem produtor tentando vender desde quarta-feira. As exportações deverão avançar somente em janeiro.
Em São Paulo, foi tentando negócios a até R$ 340.
É um direito do produtor, mas é um evidente exagero.
Porque, a gente sabe, qualquer valor que se tome para o boi, visando exportações, o preço bate na comercialização do mercado interno.
E não tem renda para isso, mesmo com a segunda parcela do 13º salário entrando.
Mais ainda porque, a gente sabe, a cadeia posterior não alivia, em nada, e joga toda a culpa no dono da boiada.
Frigoríficos, atacado e varejo não encurtam suas margens, principalmente o varejo, e, mais ainda, neste período do ano.
De todo modo, os preços andaram pouca coisa desde que a China levantou o embargo, estabelecido desde os episódios da vaca louca atípica no começo de setembro.
Não deverá haver nenhuma exportação nestes próximos dias, mesmo que o gigante asiático não viva os festejos de fim de ano como o mundo ocidental.
Os chineses, também, vão devagar com o andor, sabendo que se vierem com muita sede ao pote, os preços vão explodir.
Ademais, se ficaram todo esse tempo sem a carne brasileira, a origem da mercadoria bovina mais volumosa que entra naquele mercado, é porque estão conseguindo controlar seus estoques.
No plano doméstico, os frigoríficos estão bem programados para um Natal e Ano Novo mais do mesmo, em relação a 2020. Os grandes aceitaram bem as altas de novembro, até que formassem um colchão para dezembro.
Quem esteve movimentando o mercado nos últimos três dias foram os médios e pequenos, que não estavam com compras alongadas para escalas de abates mais folgadas.
E o atacado também não conseguiu impor mais que R$ 0,50 ao preço da carcaça casada, que em São Paulo não passa de R$ 20 o kg.
Janeiro, com os pastos mais folgados, mas um mercado interno que costuma ser mais fraco, sazonalmente, os pecuaristas terão mais condições de impor preços maiores com mais compras chinesas.
O Ano Novo Lunar, por lá, em fevereiro, com um longo feriadão, vai exigir mais importações.
Mas, repito, não deverá ser nada exagerado.
Da segunda quinzena de fevereiro, em diante, aí sim que o bicho vai pegar.
A boiada está curta no Brasil todo, o preço da reposição foi muito elevado, e os frigoríficos vão precisar de mais carne.