Coronavírus: Empresas estimam corte de 3 milhões de vagas até o fim de maio
O impacto da pandemia do novo coronavírus sobre a atividade produtiva já começa a ser medido em diversas áreas, provocando desemprego, reduzindo faturamento e adiando ou cancelando investimentos, apontam levantamentos de entidades que representam setores da indústria, do comércio e de serviços. Entidades de empresários estimam que até 3 milhões de vagas podem ser fechadas até o fim de maio.
Segundo dado público mais recente, o desemprego atingia 12,3 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados em 31 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas), o aspecto mais preocupante dessa crise é justamente em relação à manutenção dos empregos. Pesquisa realizada pela entidade entre os dias 30 de março e 3 de abril junto com associados revelou que 21,4% das empresas pesquisadas já demitiram cerca de 16,4% da mão de obra, gerando uma redução de 11 mil postos. Isso representa uma queda de 3% no nível de emprego da indústria de máquinas e equipamentos, ainda em março.
Ainda de acordo com a pesquisa “Impacto da pandemia da covid-19”, praticamente todas as empresas da amostra informaram que pretendem demitir mais nos próximos meses. “Ninguém pode dizer exatamente o número de demissões, mas estimamos que pode chegar a 15% do nível de emprego da nossa indústria, o que significaria 50 mil empregos diretos e mais 150 mil indiretos, o que pode chegar a 200 mil pessoas”, afirmou o presidente executivo da Abimaq, José Veloso.
Segundo Veloso, a partir de hoje (dia 22), voltam de férias os trabalhadores da grande maioria dos respondentes da pesquisa, (78,6%) que, inicialmente, optaram por conceder férias individuais (62,7%) ou usar banco de horas (46,2%).
Micro e pequenas indústrias já atingidas
O Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo) revelou no levantamento Boletim de Tendências das MPI’s do Estado de São Paulo, realizado com 208 empresas, que 44% dos dirigentes de micros e pequenas indústrias afirmam que a situação dos negócios irá piorar nos próximos dias, enquanto para 39% o quadro ficará estável. Apenas 14% estão otimistas e esperam alguma melhora, enquanto 3% não opinaram sobre o tema.
“O impacto da crise do coronavírus nas micro e pequenas indústrias de São Paulo já é amplamente negativo para a maioria das empresas”, afirmou o presidente da entidade, Joseph Couri.
No levantamento do Simpi, 69% dos micros e pequenos empresários já está com a situação financeira ruim ou péssima neste momento, e somente 9% estão em terreno positivo. As demais (26%) estão com a situação financeira regular.
Demissões no comércio e no setor de serviços
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) afirmou que grande parte das empresas está sem caixa. Segundo o presidente da entidade, Paulo Solmucci, abril deve terminar com 1 milhão de demissões nos bares e restaurantes ligados à entidade, o que representa um terço dos empregados CLT do setor. Somando os informais, diz o executivo, são seis milhões de trabalhadores no segmento.
E outra estimativa, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), aponta que as demissões no setor podem alcançar a marca de 1,8 milhão de vagas se a retração verificada em março na comparação anual, da ordem de 40%, continuar até o fim de maio.