Corinthians paga caro por erros individuais em derrota para o Ceará
Falhas de Cássio e João Pedro são determinantes, mas Timão tem outros problemas
É impossível analisar a derrota do Corinthians para o Ceará por 2 a 1, nesta quinta-feira, no Castelão, sem levar em conta o peso de erros individuais para o resultado. A falha de Cássio, logo aos cinco minutos, mudou a estratégia e a postura das duas equipes, e o vacilo de João Pedro no lance do segundo gol foi uma ducha de água fria quando o Timão vivia seu melhor momento na partida.
Porém, o Corinthians estaria no lucro se os problemas se limitassem a uma ou outra atuação ruim de seus jogadores. É verdade que esta não foi das piores partidas da equipe como visitante neste Brasileirão, mas o Timão segue tendo duas caras, uma em casa, outra fora.
Se em Itaquera o Timão consegue se impor diante dos adversários e controlar partidas, longe de seus domínios a equipe sofre com apagões e mostra fragilidades.
Em oito partidas fora de casa no segundo turno do Brasileirão foram cinco derrotas e três empates, aproveitamento de apenas 12,5% dos pontos.
No duelo desta quinta-feira, Sylvinho teve de descansar os veteranos Fábio Santos e Renato Augusto e deu chances a Lucas Piton e Luan. O camisa 7 voltou a ser titular após três meses e mostrou dificuldades de se encaixar na equipe.
Diferentemente de Renato, Luan não tem como característica a iniciação de jogadas. É um meia que rende melhor próximo da área, no momento de definição. O Corinthians trocou peças, mas não a forma de atuar, e assim teve dificuldades na criação.
Mesmo assim, o Ceará recuou e deu campo para o Timão jogar, na tentativa de explorar contra-ataques que até apareceram, mas não foram aproveitados. A equipe de Tiago Nunes deixou claro desde o início que estava pra lá de satisfeita com o 1 a 0 e começou a fazer cera antes do que estamos habituados no futebol brasileiro – o primeiro tempo teve bola rolando em apenas 53% do tempo.
O Corinthians criava sobretudo pelo lado direito, com Gabriel Pereira inspirado, e terminou o primeiro tempo com mais posse de bola (55% x 45%) e finalizações (9 x 8). Poderia até ter empatado, se não fossem as boas defesas de João Ricardo.
Após um início morno de segundo tempo, o Corinthians cresceu após as substituições de Sylvinho. Não era de se esperar outra coisa com as entradas de Willian e Renato Augusto, não é mesmo?
O camisa 10 entrou na ponta esquerda, e Róger Guedes foi atuar mais centralizado. Com pontas jogando com os “pés invertidos”, o Timão tinha poder de fogo, mas ainda faltava profundidade, chegadas à linha de fundo. Isso foi compensado com maior apoio dos laterais, que passaram a jogar muito mais no campo ofensivo.
Pressionando, o Corinthians chegou ao empate aos 36 minutos e, embalado, parecia ter força para virar e, enfim, encerrar o jejum como visitante. Porém, cinco minutos depois veio a desilusão. Bola perdida por Vitinho no meio, João Pedro estático na marcação e a “Lei do Ex” novamente aparecendo no gol de Yony González, que deixou o Timão em 2020 depois de apenas quatro jogos.
Graças à derrota do Fortaleza para o Santos, o Timão segue no G-4, mas com um jogo a mais do que o Bragantino, que está só um ponto atrás. Há pouco tempo para ajustes e recuperação antes do próximo compromisso, domingo, contra o Athletico. Dessa vez, pelo menos, a partida será em Itaquera.