Agricultura pode ganhar com os blends nas rações que vieram para ficar
Nesta coluna desta 4ª, outra informação de serviço para o produtor de soja: olhe os bons prêmios no mercado interno e venda o disponível com cobertura de opção de compra em Chicago.
Neste ano, muito mais que nos outros, os pecuaristas, e criadores de aves e suínos, testaram todas as alternativas possíveis de matérias-primas para rações, que substituíssem parte do milho, principalmente. A escassez do cereal e a disputa com o mercado internacional, elevaram os preços tornando os custos quase acima da margem de rentabilidade.
Não que tenham inventado a roda. Tudo que utilizaram é de conhecimento, uns menos e outros com o mesmo teor calórico e energético que o milho. Mas, enfim, o produtor sabe onde recorrer para saber melhor das qualidades e quantidades que devem usar.
Mas o que queremos discutir aqui são as janelas de oportunidades que esse cenário pode abrir para os agricultores, uma vez que há uma expectativa de que poderá haver uma mudança cultural.
Ou seja, daqui para frente, os produtores de proteína animal devem e podem recorrer as outras culturas alimentares no blend das rações, correntemente, e, não, apenas, como socorro.
Então, por que não começarem a estabelecer contatos com grandes confinamentos, por exemplo, visando um planejamento de produção adicional para esses mercados?
Podemos começar pelo sorgo, o mais conhecido e há muito mais consumido, mas que ainda tem muito chão para convencer o agricultor a plantá-lo visando essa demanda. Só em Minas Gerais sua presença é mais forte.
Torta de algodão e bagaço de cana também são bastantes conhecidos.
Das forrageiras de inverno, se assistiu à explosão do trigo. E esse cereal não vai bem apenas no Sul. O trigo forrageiro para ração produz bem no cerrado goiano, por exemplo.
A cevada, inclusive, embora também mais presente no Sul. Aveia idem, teve bom aproveitamento.
Arroz de sequeiro o Centro-Oeste também produz, além do irrigado no Sul.
Um exemplo radical veio do pecuarista paulista Juca Alves, de Barretos: além de bagacinho de cana, seus animais comeram também silagem de abacaxi e farelo de casca de castanha do Pará.
“E os bichos aceitaram bem e deu resultado na engorda”, disse.
Enfim, a cadeia produtiva pecuária-agricultura tende a ganhar com a adoção de planos comerciais, que assegurem produção, qualidade e fornecimento nos prazos fixados – sobretudo nas entressafras das pastagens.
Produtor de soja: aproveite os prêmios e faça hedge
O Brasil ainda tem muita soja estocada da última safra para vender, mas ainda os produtores esperam por altas mais consistentes na CBOT (Chicago) e poucos estão se aproveitando dos prêmios no interior.
Nesta semana os prêmios passaram de 15 cents esta semana em algumas praças e são considerados acima da média histórica, com a vantagem competitividade do grão brasileiro no momento.
“É uma oportunidade de negócio para o produtor rural vender a soja disponível e aproveitar o descolamento do mercado”, diz o analista Marcos Araújo, lembrando o hedge que ainda pode proteger o produtor contra altas do mercado futuro.
O sócio da Agrinvest pensa que uma estratégia é o produtor negociar uma call na bolsa americana, sobre as vendas no mercado físico, e se proteger com seguros de alta oferecidos pela opção de compra negociada.
Araújo acredita que até janeiro os chineses devam necessitar de comprar 20 milhões de toneladas de soja e, a partir de outubro, essa demanda crescente começará a puxar as cotações da bolsa internacional, tirando os preços do limbo no qual se encontram agora pelo cruzamento da colheita americana e plantio brasileiro.