Abraço, conversa e exemplo: como Neymar busca liderar jovens da Seleção na Copa do Catar
Camisa 10 quer ser para os mais novos o escudo que ele não teve no primeiro Mundial que jogou
O tempo passou e o “menino Ney” virou trintão. Mais velho e com a bagagem de quem está na terceira Copa do Mundo, Neymar chegou ao Catar mais uma vez sendo o protagonista da Seleção, mas assumindo outro papel dentro e fora de campo.
Em um grupo recheado de jovens – sobretudo no ataque – e com 16 atletas que estão disputando a Copa pela primeira vez, o camisa 10 busca aconselhar, acolher e liderar os mais novos.
Neymar abraça Rodrygo após derrota do Brasil para Camarões — Foto: DeFodi Images
– Eu estava me preparando para entrar no jogo contra a Venezuela, que eu ia entrar no segundo tempo, aí ele, no vestiário, me perguntou se eu ia entrar. Eu disse que eu não sabia. Ele me perguntou se poderia me dar um conselho, e eu, obviamente, disse que sim. Pediria mais dez conselhos naquele momento se fosse possível.
– Ele me falou para eu ser eu mesmo, para jogar o futebol que me fez chegar à Seleção. O futebol que me fez estar ali naquele momento, para ir para cima, não baixar a cabeça se perder a bola. Por que se só passasse a bola para o lado teria milhões de jogadores para fazer isso. Para eu mostrar minha personalidade e fazer aquilo que eu sei. E escutar aquilo do Neymar, que é uma referência dentro e fora de campo, para mim foi uma honra imensa. Levo isso comigo até hoje – destacou Raphinha, que ainda completou:
– O Neymar é uma pessoa incrível, acolhedora. Como um dia ele foi acolhido, hoje ele acolhe os mais novos na Seleção da melhor maneira possível. Ele me abraçou!
Em suas entrevistas, o técnico Tite trata Neymar como liderança técnica, mas em alguns momentos ele já reconheceu também o papel moral que o jogador vem assumindo ao longo dos últimos anos.
Em 2018, depois do camisa 10 ser bombardeado por críticas por seu desempenho aquém do esperado na Copa da Rússia, Tite o fixou como capitão da Seleção. Era uma tentativa de prestigiar e atribuir mais responsabilidades ao atacante. Porém, a faixa logo mudou de braço. Depois de Neymar agredir um torcedor na final da Copa da França, no meio de 2019, a braçadeira foi passada a Daniel Alves.
Sem ser capitão, Neymar tenta liderar à sua maneira. Uma delas é passando confiança, deixando os garotos mais à vontade. Outra é dando exemplo, como foi durante a recuperação da lesão sofrida no tornozelo, na qual esteve praticamente dias inteiros fazendo fisioterapia para acelerar o retorno aos gramados.
— A liderança dele não precisa falar muito. Só ele fazer o que tem feito em gesto, as pessoas conseguem seguir o que ele vem fazendo. Legado é isso, não é tentar eu te passar meu legado. Meu legado eu deixo. Se você achar que ele foi importante, você pega — opinou o zagueiro Thiago Silva.
Por Bruno Cassucci, Cahê Mota e Raphael Zarko — Doha, Catar