Comunidades indígenas do MT e MS se unem em Bonito para fortalecer o etnoturismo

Encontro promovido pelo Polo Sebrae de Ecoturismo conecta saberes, culturas e práticas sustentáveis entre os povos Haliti-Paresí e Terena/Atikum

Por Assessoria de Imprensa Sebrae/MS

Na última semana de outubro, Bonito (MS) se tornou palco de um encontro de culturas, saberes e experiências em torno de um mesmo propósito: fortalecer o etnoturismo como ferramenta de desenvolvimento sustentável e valorização das tradições indígenas. A iniciativa foi promovida pelo Polo Sebrae de Ecoturismo, que recebeu uma comitiva de Campo Novo do Parecis (MT) composta por representantes da Secretaria Municipal de Turismo e indígenas da etnia Haliti-Paresí, referência nacional na condução de atividades turísticas em territórios tradicionais.

Logo na chegada, o grupo de Mato Grosso foi recebido pelos indígenas das etnias Terena e Atikum, de Nioaque (MS). A programação se desenrolou entre conversas no Polo Sebrae de Ecoturismo, visitas a atrativos como o Balneário Municipal de Bonito e o Estrela do Formoso, e momentos de partilha sobre a forma como cada povo organiza seu turismo. A agenda também incluiu apresentações sobre o modelo de gestão turística de Bonito, conduzidas pela Secretaria Municipal de Turismo (SECTUR), e um diálogo aberto sobre como as comunidades indígenas podem estruturar produtos turísticos autênticos, com base em seus próprios valores e ritmos.

“Foi uma experiência muito especial conhecer os Haliti-Paresí. A forma como eles preservam a cultura e se organizam para o turismo mostrou a força da união entre as comunidades. Isso nos trouxe um norte, porque estamos começando no etnoturismo e aprendemos que podemos valorizar o que temos em nosso território. Muitas vezes achamos que não é valioso, mas para quem vem de fora é uma grande riqueza conhecer nossa cultura, tradições e tudo o que o território Terena tem a oferecer”, contou Thiago Souza, da Aldeia Cabeceira (etnia Terena), em Nioaque, um dos participantes do encontro.

Para Nalva Atikum, da Aldeia Vila Atikum em Nioaque, a prática da vivência foi muito forte. “Esse encontro foi uma aula de conhecimentos, mostrando a importância de fortalecer e preservar nossa cultura, compartilhando práticas que valorizam o nosso modo de ser”, destacou.

A programação incluiu diálogos no Polo Sebrae de Ecoturismo, que promove visitas técnicas e experiências imersivas voltadas a aproximar gestores, empreendedores e comunidades de diferentes regiões que atuam com o turismo sustentável.

A atividade teve um papel especial para os indígenas de Mato Grosso do Sul, que, com o apoio do Sebrae/MS e da Fundação de Turismo (Fundtur/MS), estão desenvolvendo um Plano de Visitação para as aldeias Brejão, Cabeceira, Água Branca, Taboquinha e Vila Atikum, todas localizadas em Nioaque. O trabalho começou em janeiro deste ano, por meio de uma consultoria voltada a preparar as comunidades para receber visitantes de forma estruturada, sustentável e com autonomia. O lançamento do plano está previsto para o dia 29 de novembro.

Para os Haliti-Paresí, o momento foi de reconhecimento e esperança. “Acreditamos que é possível transformar a vida do indígena sem perder nossa essência cultural. Muitas vezes só precisamos de oportunidades. Somos cidadãos brasileiros e temos o direito ao desenvolvimento econômico em nosso território. Essa experiência junto ao Sebrae foi incrível, muito importante, com conhecimentos que vão impulsionar nossos projetos. Sou grato por essa oportunidade e peço que continuem empenhados junto aos nossos irmãos indígenas da região, para que possam implementar o etnoturismo em seus territórios, gerando renda e fortalecendo nossa cultura”, afirmou Adylson Muzuiwane, representante Haliti-Paresí.

Para o gerente da Regional Oeste do Sebrae/MS, Matheus Oliveira, a agenda foi um exemplo prático do papel do Sebrae em conectar realidades e estimular o aprendizado conjunto. “Essa visita nos permitiu aproximar os indígenas de Nioaque dos Haliti-Paresí, que são referência nacional. Trocamos experiências sobre como organizar o turismo nas aldeias, alinhar práticas internas e compreender desafios comuns, como a gestão, a divisão de valores e o acolhimento aos visitantes. Foi um aprendizado valioso, que fortalece o plano de visitação em construção e mostra que o turismo pode ser uma ferramenta de união e desenvolvimento sustentável”, destacou.

A visita técnica fez parte da agenda de benchmarking do Polo Sebrae de Ecoturismo – uma jornada de imersão e aprendizado que busca aproximar gestores, empreendedores e comunidades de diferentes regiões que atuam com o turismo sustentável. Segundo o gestor do Polo, Telcio Prieto Barboza, a iniciativa permite que os visitantes vivenciem os produtos turísticos locais, compreendam o modelo de governança e troquem experiências com gestores públicos e privados. “O benchmarking tem como propósito aproximar pessoas e instituições interessadas em conhecer de perto a organização turística de Bonito e a gestão do ecoturismo na região”, explicou.

Para o diretor de Turismo de Bonito, Elias Oliveira Francisco, o encontro reforça o papel do município como referência nacional em turismo sustentável e inteligente, inspirando gestores públicos e empreendedores de outros estados a adotarem práticas alinhadas à conservação ambiental e à valorização cultural. “Nosso compromisso é compartilhar conhecimento e inspirar outros municípios a construírem um turismo que gera oportunidades, valoriza as pessoas e preserva o meio ambiente”, completou.

Grafismo é uma das atividades disponibilizadas aos visitantes pelo povo Haliti-Paresí. Imagem: projeto Menane Haliti Etnoturismo

Pioneirismo

O povo Haliti-Paresí, da região de Tangará da Serra (MT) e proximidades, vem se destacando no turismo de base comunitária. Por meio do projeto Menane Haliti Etnoturismo, que abrange cinco aldeias – Arara Azul, Katyalarekwa, Oreke, Serra Dourada e 2 Cachoeira –, os indígenas recebem visitantes por meio de roteiros com trilhas, oficinas, banho de rio, canto e dança, grafismo e imersão cultural. O projeto conta com agência receptiva instalada em Tangará da Serra e já obteve a anuência da Fundação Nacional do Índio (Funai) para as atividades.

A gestão pública de Campo Novo do Parecis (MT) é parceira das comunidades, oferecendo suporte logístico e estrutural para o desenvolvimento da atividade. O coordenador de Turismo do município, Cláudio Roberto, afirma que a valorização do etnoturismo é importante para a viabilidade do turismo mais sustentável. “Mantemos uma grande parceria com a Funai, oferecendo toda a estrutura possível para apoiar as comunidades indígenas. Ajudamos na manutenção das estradas, na abertura de balneários e pontos turísticos, dando suporte técnico e infraestrutura para garantir o acesso e a preservação das vias que levam aos atrativos. Trabalhamos em conjunto, sempre com respeito ao meio ambiente e à legislação, para que o turismo aconteça de forma sustentável e gere oportunidades dentro das próprias comunidades.”

Outro parceiro neste cenário é o Sebrae/MT. “O Sebrae Mato Grosso atua como articulador do etnoturismo no estado, apoiando povos indígenas e comunidades tradicionais na construção de experiências que unem cultura, economia e sustentabilidade. Ao alinhar suas ações aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Sebrae reafirma seu compromisso com um modelo de crescimento que respeita as identidades culturais e promove o desenvolvimento territorial”, destaca o gerente regional do Sebrae/MT em Tangará da Serra, Wlademir Alves da Silva.

Polo Sebrae de Ecoturismo

Referência nacional quando o assunto é inovação e sustentabilidade no setor turístico, o Polo Sebrae de Ecoturismo, localizada na sede da Regional Oeste do Sebrae/MS em Bonito, está disponível para visitação de grupos interessados. O benchmarking pode ser solicitado diretamente pelo portal, onde estão disponíveis informações e a lista de atrativos anfitriões capacitados pelo Sebrae.

Para mais informações sobre as ações do Sebrae, acesse ms.sebrae.com.br ou entre em contato pela Central de Relacionamento, no número 0800 570 0800.

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