Artesãos falam sobre a importância de participar de feiras nacionais durante o 15º Salão de Artesanato

Alguns artesãos e associações representativas do artesanato participam este ano e representam Mato Grosso do Sul no 15º Salão de Artesanato – Raízes Brasileiras em Brasília/DF, que acontece na Arena de Eventos do Pátio Brasil Shopping. As artesãs presentes falaram, durante o evento, sobre a importância de participar de eventos nacionais para impulsionar o artesanato regional.

Lucimar Maldonado, artesã há 18 anos, trabalha com fibras naturais, tem uma empresa de artesanato e hoje tem parcerias com outros artesãos, principalmente com os artesãos indígenas. E foi numa dessas feiras nacionais que eles começaram a fornecer para a Tok&Stock, por exemplo. “Participo das feiras em Brasília há dez anos: aqui a gente colhe ideias, também recebe o feedback dos clientes porque é onde a gente consegue também melhorar. A gente não pode falar só de vendas, a gente tem que falar de toda a transformação que as feiras trazem pra gente, desde conhecer novas técnicas, porque a gente troca ideias com outros Estados, e ainda recebe esse feedback dos clientes, porque às vezes você acaba melhorando o seu produto porque você tem um retorno: ‘olha, isso aqui não é legal assim, talvez assim melhore’, então isso traz um resultado muito bom pra gente. E as vendas, porque aqui nas feiras nacionais que a gente conhece os lojistas, que nos sustentam o ano inteiro”.

“Conheço vários artesãos que vivem do artesanato, a minha empresa vive do artesanato, então a gente tem que pensar num todo, não só no artesão, mas nesse processo de transformação de empresa. Os indígenas com os quais eu trabalho hoje eles são todos empresa, são todos MEI, porque a gente consegue ver hoje essa necessidade de se transformar em empresa, não ser só o artesão, porque a cada dia que passa o mercado está mais exigente. Hoje a gente não consegue mais vender para um lojista se a gente não tiver nota fiscal. Quando a gente vem pras feiras a gente mostra pra eles essa necessidade de se qualificar, de ser um empreendedor realmente”, diz Lucimar.

A artesã disse que hoje já não consegue viver sem o artesanato. “Esse mundo faz parte de mim. Quando a gente volta pra casa a gente já fica pensando numa próxima feira. E acho que é isso, o artesanato ele te transforma, é onde você coloca ali toda a sua energia”.

Outra artesã que participa do estande de Mato Grosso do Sul, Carmen Almeida Barcelos, desde 1995 trabalha com artesanato, já foi homenageada na Semana do Artesão da Fundação de Cultura em 2002 e está expondo no Salão do Artesanato em Brasília pela Artems.” Eu trouxe o meu artesanato, que são os trabalhos manuais: bordados e crochê. Participar de uma feira como essa é vida, porque eu adoro gente e eu estando no meio do povo conversando, mostrando meu trabalho, me dá uma força vital enorme. É importante que a gente venda, que o nosso produto seja aceito, seja elogiado, isso é muito importante. Artesanato para mim é tudo: é amor, é vida, é sonho. Para mim sempre foi um motivo de estar sempre em atividade. O artesanato está rendendo mais que o meu salário de aposentada. Se você se dedicar você vende. Você tem que ter um projeto de vida e fazer com carinho e amor aquilo que você faz”.

Jane Arguelho está presente pessoalmente pela primeira vez em Brasília, mas já teve as peças sendo comercializadas anteriormente na feira. “A experiência está sendo muito boa porque aqui é um pessoal diferente, que tem muito bom gosto e gosta de peças bonitas para poder decorar nossa casa. E nós só temos peças lindas. Eu trabalho com cerâmica, com madeira, com as bolsas de malotes de correios que são recicláveis. Se o artesão já chegou numa feira dessas ele já conseguiu sucesso para ter visibilidade para o mundo. Eu trabalho com artesanato há 34 anos. Eu vivo do artesanato. O conselho que eu dou para quem quer começar é fazer um bom trabalho, ter um bom acabamento, porque o próprio cliente tem um olho clínico, ele quer uma peça perfeita”.

Rosenir Batista, índia da etnia Terena, produz travessas, panelas, jogos de bule em cerâmica e argila. Já participou de feiras em Recife e em São Paulo. Em Brasília é a sua primeira vez. “Estou achando muito bom, as pessoas são simpáticas, a gente está vendendo. É importante para mim participar desta feira porque como eu moro na aldeia lá a gente tem muita dificuldade, então a gente participando da feira, o dinheiro eu levo para a minha família. É muito lindo ser artesã indígena porque lá na aldeia onde eu moro não é qualquer pessoa que faz. Antigamente muitas faziam, mas hoje em dia tem muito pouco. O que a minha mãe me deixou eu estou trabalhando agora, eu acho muito legal, eu aprendi com minha mãe, com minha avó, eu fico tão feliz de eu poder dar continuidade no trabalho delas”.

A ceramista Leslie Gaffuri já é veterana: em Brasília já veio quatro vezes. “É a primeira feira do ano. Então a gente fica ansiosa para que tudo comece e é um resultado sempre muito bom, a gente consegue vender, retomar o contato com os lojistas, que é isso que fortalece o artesão, e principalmente, eu trago uma associação, a Uneart, União Estadual dos Artesãos de Mato Grosso do Sul,  que atende um número enorme de pessoas que estão lá aguardando esse recurso para eles. Infelizmente nem todos os artesãos podem estar aqui, mas quando eles vêm, é um contato direto, falar com o lojista, negociar preço, isso é pra sempre, esse contato ele fica o ano todo, você vai vendendo, vai comercializando. E quem não pode estar aqui, está com seus produtos com as associações, e nós temos a obrigação de levar para eles os contatos”.

 “É muito possível viver do artesanato hoje no Brasil, é muito possível. Hoje o artesanato não é mais um hobby. A gente tem que se profissionalizar, procurar a qualidade, o comércio, hoje, é qualidade. Não é inventar qualquer coisa. Quando você tem um trabalho que acontece você provavelmente vai sobreviver muito bem do artesanato”, diz Leslie, que é ceramista há mais de 19 anos.

A gerente de Desenvolvimento de Atividades Artesanais, Katienka Klain, afirma que é importante os artesãos participarem pessoalmente das feiras nacionais porque eles fazem esse vínculo de contato com o público final e com os lojistas. “É muito importante quando vem a associação e o artesão, porque ele acaba fechando futuros negócios, ele mantém esses contatos. E ter suas peças expostas também dá a oportunidade de comercialização aqui na feira, eles conseguem, de alguma forma, por meio da associação, manter o contato com o público final, com os lojistas, criando essa continuidade de vendas, de oportunidade de negócios”, finaliza.

Publicado por: Karina Medeiros de Lima

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