Capital terá novo corredor gastronômico
Quem passa pela Rua José Antônio, no Centro de Campo Grande (MS) , percebe que o local está sendo transformado. Várias intervenções estão sendo para implantação do novo corredor gastronômico da Capital. As obras devem ser finalizadas em janeiro para que sejam utilizados no projeto definitivo de requalificação da cidade no primeiro semestre de 2021.
As intervenções estão sendo feitas com a utilização de materiais leves, de baixo custo e reversíveis, ou seja, serão desmontadas assim que acabar o período de testes. Essa metodologia tem por objetivo testar soluções técnicas que serão utilizadas no projeto permanente, previsto para 2021, com grandes obras de infraestrutura urbana no modelo das adequações e requalificação urbana que ocorrem na 14 de Julho.
Foram semanas de muito trabalho, colaboração de voluntários e empresários que colocaram a mão na massa, seja para regar as cerca de 900 mudas que foram cedidas pelo Viveiro Municipal Flora do Cerrado, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), seja para varrer as calçadas pintadas por várias mãos.
“Agora a testagem do projeto piloto começou. Com as intervenções concluídas queremos que a população utilize e se aproprie destes espaços que foram criados. Essa é uma iniciativa inédita de urbanismo tático na nossa cidade e caminhar pela José Antônio é uma experiência muito bacana”, convida a arquiteta Mayara Cunha, consultora do projeto.
O projeto é financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Prefeitura entra com a cooperação técnica. Campo Grande foi a única cidade no Brasil a ser escolhida para participar dessa iniciativa, que está contando com a parceria de vários empresários. As intervenções são de curto prazo e baixo custo e, basicamente, são alargamentos de trechos de calçadas para gerar pequenos ‘bolsões de permanência’ que possam ajudar nas dinâmicas tanto dos comércios e serviços da região, como na relação das pessoas moradoras e visitantes da área, funcionando como pequenos pontos de encontro e desfrute ao ar livre.
As intervenções foram pontuais, em parceria com empresários da região e com a Associação de Empresários da José Antônio, para testar a sugestão da Organização Mundial da Saúde para criar áreas de atendimento com distanciamento físico, ajudando o setor privado nestes tempos de pandemia. Se trata de um processo com metodologia científica iniciado em setembro deste ano com pesquisas, reuniões e oficinas que contaram com a colaboração mais de 300 pessoas entre moradores, trabalhadores, frequentadores e técnicos da Prefeitura, e que segue com monitoramento e contagens.
Estudo– Foram escolhidas três cidades do continente sul americano – Montevidéu (Uruguai), Buenos Aires (Argentina) e Campo Grande (Brasil) – nas quais o BID já tinha operações, para testarem soluções de Urbanismo Tático, muitas delas já sendo testadas como respostas à pandemia em cidades do hemisfério norte.
Neste contexto foi montada uma equipe de consultoria com agentes externos e agentes locais, responsáveis pela coordenação no terreno. Esta equipe está trabalhando numa cooperação técnica com as diferentes Secretarias do Município em um processo colaborativo com todos os setores da sociedade pegando como base a Rua José Antônio, que em maio deste ano teve uma lei aprovando um novo Corredor Gastronômico, Turístico e Cultural em quinze das suas quadras.
“Em meio à pandemia do coronavírus as cidades estão sofrendo muitos impactos, e o LAB Ciudades (setor da Divisão de Habitação e Desenvolvimento Urbano do BID) resolveu testar alternativas de intervenções urbanas para ajudar a reativar as economias no contexto de distanciamento físico e também para o momento de retomada, nos cenários futuros pós pandemia. Em setembro iniciamos um processo aberto com a presença de representantes da Administração Pública, das Universidades, das pessoas moradoras e da Associação de Comerciantes da José Antônio, fazendo pesquisas, levantamentos, entrevistas e oficinas que foram a base de um diagnóstico para o uso dos espaços públicos do Corredor. Tudo isso será monitorado para gerar dados parte de um relatório que será entregue para a Prefeitura utilizar como Diretrizes Projetuais para a obra do ano que vem”, explicou Leonardo Brawl Márquez, Urbanista, membro do coletivo TransLAB.URB e consultor do BID no projeto Urbanismo Tático Campo Grande Corredor José Antônio.